sábado, 12 de agosto de 2017

Em cada ano produzimos em plástico o equivalente ao peso de toda a humanidade

O aviso é da Fundação Oceano Azul, que arranca hoje, dia 12 de Agosto, com a campanha "O que não acaba no lixo acaba no mar". Anualmente, perto de oito milhões de toneladas de plásticos invadem os oceanos.


Um milhão de aves e 100 mil mamíferos marinhos morrem todos os anos devido à poluição por plástico. Os números são da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e não são os únicos que a Fundação Oceano Azul considera alarmantes.

Emanuel Gonçalves, um dos membros da comissão executiva da fundação que é responsável por gerir o Oceanário de Lisboa, chama a atenção para os muitos milhões que estão na origem do lixo oceânico.
"Por ano são produzidos 300 milhões de toneladas de plástico à escala global, que é o equivalente ao peso de toda a humanidade. E, destes 300 milhões, estima-se que cerca de 8 milhões vão parar ao oceano", diz, em declarações à TSF, Emanuel Gonçalves, da comissão executiva da Fundação Oceano Azul.

Milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos, com origem numa indústria com um ritmo de produção cada vez mais relevante e com impacto nos ecossistemas marinhos: "De 2014 a 2017 produziram-se tantos plásticos no mundo como desde que inventámos o plástico até 2014", sublinha Emanuel Gonçalves".

Segundo dados fornecidos pela Fundação Oceano Azul, o plástico constitui perto de 80 por cento do lixo marinho e representa 90 por cento do lixo encontrado no fundo oceânico.

Uma realidade que, defende Emanuel Gonçalves, deve ser invertida, tal como a forma como os cidadãos encaram o problema. "Temos de ter formas de combater o mau uso dos produtos plásticos do nosso dia-a-dia, como, por exemplo, através do cuidado em colocá-los nos recipientes próprios. É importante que as pessoas percebam que estamos a transformar o fundo do oceano num caixote do lixo", diz.

Um apelo que surge na campanha "O que não acaba no lixo acaba no mar", da Fundação Oceano Azul, que pretende sensibilizar e mudar mentalidades. "Estas campanhas têm como objetivo que as pessoas mudem comportamentos, apercebendo-se daquilo que é o seu impacto no ambiente e, neste caso, nos oceanos", afirma Emanuel Gonçalves, que defende que as mudanças podem começar com pequenos gestos.
"As beatas dos cigarros, que são um dos principais produtos que encontramos a poluir as praias, têm microelementos que são feitos de plásticos e que acabam por perdurar nos ecossistemas marinhos. Se as colocarmos nos recipientes próprios estamos a contribuir para combater esse problema", lembra.
Ainda assim, entende o membro da comissão executiva da fundação, estamos hoje "muito mais atentos" a este tipo de questões do há uma ou duas décadas, em particular os jovens: "Estão muito mais atentos e pretendem ser uma voz ativa na mudança destes comportamentos".

Os projetos da fundação, que detém a concessão do Oceanário de Lisboa, passa por áreas como a promoção da literacia marítima, o financiamento de programas científicos para a preservação de espécies marinhas, o estabelecimento de áreas protegidas ou a criação de redes de pesca sustentáveis. Para isso, conta com um orçamento anual de 5,5 milhões de euros.

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