domingo, 30 de abril de 2017

Encontros Improváveis- Cecília Meireles e The Chameleons - "Lufthansa"


A little rain's going to keep on falling on me
I'm going to keep on calling to you

I'm in a spin
I won't let this darkness in
Turning around
Grinning as I leave the ground
Wanting it all
I'm tearing right through that wall
Once and for all
I'm tearing right through that wall
Taking it out

A little rain's going to keep on falling on me
I'm going to keep on calling to you
A little rain's going to keep on falling on me
I'm going to keep on calling to you
I'm going to keep on calling to you
I'll keep on calling to you

I'm in a spin
Spinning at the speed of sound
I'm in a spin
Hanging with the lost and found
I'm on fire
Rushing all the way to you
I'm on fire
Rushing all the way to you
Checking it out

A little rain's going to keep on falling on me
I'm going to keep on calling to you
A little rain's going to keep on falling on me
I'm going to keep on calling to you

I'm going to keep on calling to you
(A little rain's going to keep on falling)


"Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
— a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu. "

Cecília Meireles, in 'Viagem'

Sobre Chameleons
The Chameleons [wiki]
The Chameleons [youtube]
The Chameleons [página oficial]

sábado, 29 de abril de 2017

Crónica de Nuno Bederode Santos- O Ogre e as Sandes


Estacionei o carro no parque do hotel. Era cedo, havia mais de meia hora para matar. Passei ao "lobby", vi o bar e entrei. Sentei-me ao balcão, no único lugar disponível. Mas não pedi nada, aguardando que se resolvesse um qualquer contencioso entre um empregado contido, paciente e amável, e um feiíssimo cavalheiro que parecia um ogre da Tasmânia e que barafustava em voz alta contra não sei quê, num inglês que, porque rápido, chegava a parecer fluente, mas afectado de um sotaque tão carregado e estranho que o tornava ininteligível.
Aos poucos, fui começando a entendê-lo. Protestava – e com moderada razão – contra o facto de só haver sandes de queijo, fiambre e mistas. E começava já a olhar para mim de vez em quando, fugazmente, procurando porventura o meu apoio naquela guerra que me era alheia.
"Nem sequer têm sandes de pepino!" – disse-me de supetão, aproveitando a pausa proporcionada pelo empregado me estar a servir um "scotch" com água, que eu entretanto conseguira encomendar. Estava estabelecido o diálogo, mesmo que eu não o desejasse. Não se deixa sem resposta quem se nos dirige directamente.
Expliquei-lhe então que, muito embora usássemos o pepino na nossa culinária, não era um hábito português fazer sandes com ele. À semelhança, aliás, ainda que apenas do que dela conheço, da restante Europa continental. Só mesmo em Inglaterra é que há a tradição e o culto de tão duvidoso pitéu.
Sabia que podia falar de europeus à-vontade porque o ogre, pela tez, o atavio e o sotaque só podia ser levantino. Tive, de resto, ocasião para lhe perguntar pelas origens e ele respondeu-me: "Sou egípcio, mas vivo em Londres. Trabalho lá."
O mais irritante é que ele pontuava a conversa com os mais soezes vilipêndios ao empregado, apenas portador da má nova de não haver sandes de pepino. E isso, fui-me apercebendo, já instalara no resto do pequeno balcão uma vertigem retaliadora. Como qualquer político caído, que quer cavalgar uma vaga de fundo que lhe devolva o que já foi, eu achei que aquela onda era a minha e eu o patriota capaz de a conduzir.
Comecei então a convencê-lo de que, sendo (segundo ele me disse) a sua permanência em Lisboa tão curta, devia aproveitar para comer coisas típicas de cá. Volvendo a Londres, poderia comer as sandes de pepino que quisesse. Mas aqui, onde é de uso fazer e comer as sandes mais invulgares da Europa, isso tinha algum sentido? Os portugueses, virados ao Atlântico e com dois arquipélagos cultivadores de frutas exóticas, gostavam era disso. Sandes disso...
O ogre mostrou-se curioso e interessado. Ainda perguntou por que razão então só constavam da lista queijo e fiambre, mas eu atribuí tudo a um nosso preconceito, segundo o qual os turistas estrangeiros só estavam habituados a essas e não pediam as nossas. Ofereci-lhe então a sandes, argumento que se revelou fortíssimo. Chamei o empregado, expliquei-lhe a situação e – enquanto ele sorria e já se babava de gozo – perguntei o que é que se podia arranjar. Manga? Papaia? Kiwi? Nada. Tudo o que se podia arranjar era meloa... Prebenda dos céus! Não tinha pensado nisso, que excedia o pior da minha perfídia. "Traga então uma meloa, parta-a ao meio e meta essa metade em pão de forma fininho."
Largou para a cozinha numa pressa e com um gemido que era apenas a contenção do riso. Voltou com o pão de forma, de pacote, e com a meloa que abriu a meio e descascou ali bem à nossa frente. Depois, enfiou meia meloa entre duas fatias de pão. Só visto: a meloa transbordava o pão por todos os lados. O egípcio lançou-lhe a mão e os primeiros esguichos espirraram. Mas o grande festival começou com a primeira dentada e quando o pão já estava tão molhado que quase se desfazia. Escancarada a boca, a dentuça abateu-se sobre a sandes tipicamente portuguesa com a determinação de um alfange. Desviei o meu banco bem para o lado mesmo a tempo. A sofrida meloa esvaiu-se em jactos do seu sangue, de refrigerante natural, ao mesmo tempo que um volumoso fio de líquido lhe escorregou a correr pelas barbas grisalhas. A estranha vestimenta ia-se encharcando, mas ele olhava-me de soslaio com um ar apreciativo. A canalha circundante ria-se, o empregado também. O ogre acabou num traste e com as mãos cheias de pão desfeito.
"Muito bom", disse ele. "E ainda comia a outra metade, mas agora talvez sem pão." Que sim, disse eu. E paguei o meu uísque e a sandes de meloa, por entre desvelados agradecimentos. Saí .
Nós, portugueses, somos assim. Uns verdadeiros cavalheiros. E os melhores anfitriões do mundo.
[Texto original publico na Revista do Expresso de 27 de outubro de 2001]

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O ecossocialismo singular de Barry Commoner



O mundo sobreviverá à crise ambiental
como um todo, ou não sobreviverá.
Barry Commoner

A crise ecológica que vivemos é o maior desafio posto à nossa espécie. Limites planetáriosi estão sendo ultrapassados, estabelecendo sinergias de efeitos imprevisíveis. O grau de deterioração das condições da vida como a conhecemos exige-nos uma mudança de rumo sem paralelo na história da humanidade. Seremos capazes de construir soluções para estes desafios? Talvez o ponto de não retorno já tenha sido ultrapassado e o futuro possível não seja o desejado por ninguém, mas a paralisia não é uma opção. Seja como for, muitas experiências e práticas sociais, comportamentos e cosmovisões, lutas políticas e análises teóricas constituem, hoje, um patrimônio de alternativas.

O marxismo não se furtou ao debate, com múltiplos pensadores e grupos incorporando a temática ambiental à crítica da economia política, buscando estabelecer uma compreensão da natureza em bases filosóficas e teóricas materialistas e formulando um projeto ecossocialista. O biólogo nova-iorquino Barry Commoner foi um de seus pioneiros e um incansável combatente ambiental. Este texto é uma singela homenagem a sua contribuição em The Closing Circle – Nature, Man and Tecnology, obra que não foi publicada em português e que completa 50 anos em 2021.

Testes nucleares e poluição
Barry Commoner (1917-2012) nasceu em Nova York, formou-se em zoologia na Universidade de Columbia e fez mestrado e doutorado em Harvard, onde se engajou no movimento por uma ciência pública. Depois do serviço militar durante a Segunda Guerra, trabalhou na Science Illustrated e tornou-se, em 1947, professor na Universidade Washington, em Saint Louis, no Missouri. Commoner destacou-se por debater o significado do conhecimento científico numa sociedade democrática, envolvendo-se em diversas pesquisas e campanhas contra os efeitos que o capitalismo industrial impunha sobre a sociedade estadunidense. Dois caminhos se entrelaçavam em seus trabalho: os impactos desconhecidos dos testes nucleares e o aumento vertiginoso da poluição e da contaminação do ar, da terra e dos ecossistemas.

O contexto da Guerra Fria exigia cuidado na formulação das críticas ao establishment, associadas, em geral, ao anti-americanismo e ao comunismo. Seu papel no (CNI) Comitê pela Informação Nuclear, organização formada por cientistas para o compartilhamento dos dados e pesquisas sobre os efeitos da radiação, foi fundamental para o banimento dos testes nucleares atmosféricos em 1963. O Nuclear Test Ban Treaty, considerado a primeira vitória do movimento ambientalista, foi associado à mobilização da opinião pública estadunidense após a divulgação dos resultados sobre contaminação radioativa a partir da análise de centenas de milhares de dentes de leite doados para a campanha Baby Tooth Survey.

As mobilizações e debates ambientalistas nos EUA intensificaram-se no início dos anos 1970, revelando intensas divergências metodológicas e políticas sobre como enfrentar os desafios. Nesse contexto, a publicação de The Closing Circle consolidou uma perspectiva holística no entendimento da questão ambiental de forma inovadora e crítica do modelo industrial de produção e consumo, inserindo o tema social no debate científico, técnico e ambientalista.

A divergência populacional
O tema do controle populacional apresentava-se como central para os movimentos ambientais norte-americanos, que deitavam raízes profundas no liberalismo do país. Paul e Anne Ehrlich publicaram, em 1968, The Population Bomb, um livro que se tornou referência no debate. Ao posicionar-se contrário aos argumentos neomalthusianos sobre a necessidade do controle populacional, Commoner estabeleceu, com The Closing Circle, os caminhos da sua crítica. Ainda que não negligenciasse os impactos ambientais provenientes de uma população em crescimento, indicava que o padrão de consumo pós-1945 era o principal responsável pela destruição ambiental. O livro dialoga com o movimento, no que era o estado da arte das análises do começo dos anos 1970, e expõe a gravidade da situação. Faz duro diagnóstico, aponta saídas e, como diz Michael Eganii, acerta.

Dois eixos estruturam o trabalho de Commoner: a defesa intransigente da ecologia como a única alternativa para garantia da sobrevivência da espécie humana e das outras formas de vida nesse processo de interdependência e a ideia de que a superação desse modelo só terá êxito se atingir as raízes sociais do problema.

Meio século depois, a lógica do capital ampliou e potencializou os danos causados em escala global. A única certeza que temos é que se oferecêssemos qualquer dado sobre a destruição ambiental e a crise ecológica como resultados do modo de produção capitalista, eles estariam defasados e para pior quando fossem lidos.

A dialética da ecologia
Commoner estabeleceu, em The Closing Circle, quatro leis para a ecologia:

1º Tudo está conectado a tudo;

2º Tudo tem que ir para algum lugar;

3º A natureza conhece melhor caminho; e

4º Não existe almoço grátis.

Elas consolidam uma nova epistemologia. Questionam, ao mesmo tempo, a lógica liberal – que socializa as “externalidades” e torna a tecnologia redentora destes efeitos indesejados – e o cálculo econômico – que despreza os custos da poluição e da destruição ambiental.

O livro alinha uma intensa crítica ao papel da tecnologia que, submetida ao capital e ao complexo militar, desenvolveu mercadorias e processos que aceleraram a destruição do planeta. O aumento populacional e o incremento da renda são a menor parte do problema. Para ele, a tecnologia utilizada pós-1946 desenvolveu um número maior de poluentes por unidade, responsável por cerca de 95% da produção totaliii. O aumento da poluição deveria, portanto, ser buscado no que se produz, como se produz e por que se produz.

O aumento dos deslocamentos para os subúrbios nas grandes cidades dos Estados Unidos depois de 1945 consolidou um mercado de consumo de veículos e combustíveis adequado às necessidades desse setor, que progressivamente se especializou em seduzir seus consumidores pelo design, pelo aumento da potência e conforto. Tal processo persiste hoje, mesmo com a indústria automobilística transitando marcadamente para a motorização híbrida ou elétrica.

No entanto, essa transição recoloca o paradoxo Jevonsiv, uma vez que observamos não a diminuição, mas o aumento do consumo de energia, ao mesmo tempo em que ocorrem melhorias na eficiência dos motores e na diversificação das matrizes energéticas. As motorizações híbridas ou elétricas criam, ao custo de impactos socioambientais significativos, novos mercados consumidores, novos produtos e novas formas de diferenciação social, sem pôr em questão a lógica da produção.

Ao demonstrar que as origens da catástrofe ambiental estão conectadas aos ditames do regime de acumulação e exploração, Commoner reafirma o caráter político das decisões ambientais. Diz ele:

A análise deixa claro, creio, que a crise não é o resultado de uma catástrofe natural ou da força mal direcionada das atividades biológicas humanas. A Terra não está poluída porque o homem é uma espécie de animal especialmente sujo, nem porque somos muitos.

A culpa é da sociedade humana – das maneiras pelas quais a sociedade escolheu ganhar, distribuir e usar a riqueza que foi extraída dos recursos do planeta pelo trabalho humano. Uma vez que as origens sociais da crise se tornem claras, podemos começar a planejar ações sociais apropriadas para resolvê-lav.

Ao pensar a questão ambiental nessa interação ampla das ações sistêmicas sobre a natureza, Commoner incorporou novos componentes epistemológicos no debate sobre ecologia. Sua crítica metodológica à compartimentação e segmentação das ciências me deixou mais à vontade como historiador para lidar com ecologia.

O reducionismo tende a isolar as disciplinas científicas umas das outras e todas elas do mundo real. Em cada caso, a disciplina parece estar se afastando da observação do objeto natural e real: os biólogos tendem a estudar não o organismo vivo natural, mas as células e, em última análise, as moléculas isoladas deles. Um resultado dessa abordagem é que a comunicação entre as disciplinas se torna difícil, (…) A falha de comunicação entre essas ciências básicas especializadas é uma fonte importante de dificuldade na compreensão dos problemas ambientaisvi.

A questão social, espinha dorsal do ecossocialismo
Essas conexões precisavam acontecer também em termos sociais. Ainda que seu trabalho em popularizar as informações sobre riscos à saúde e ao ambiente oriundos da produção industrial, da agricultura capitalista, do uso de novos elementos químicos e da indústria petrolífera fosse central no debate sobre democracia, esse ainda era um tema essencialmente branco. Dizia, “a crise ambiental é uma crise de sobrevivência, e esse não é um tema da classe média americana”. Enquanto que para os negros, o tema da sobrevivência tem centenas de anos. Se eles também não o dominaram, pelo menos tiveram uma boa experiência que pode ser extremamente valiosa para uma sociedade que, agora como um todo, deve enfrentar a ameaça de extinção. Os negros precisam do movimento ambiental, e o movimento precisa dos negrosvii.

Embora o termo racismo ambientalviii inexistisse, Commoner inseriu uma perspectiva abrangente da ecologia, introduzindo elementos raciais e sociais que expressavam não apenas os impactos sobre os locais de moradia e trabalho das populações mais pobres, mas também os históricos dos enfrentamentos organizados nessas comunidades. As lutas ambientais necessariamente expressavam conflitos mais abrangentes e adquiriam caráter classista, ainda que o termo estivesse ausente no livro. Há uma antecipação do que Joan Martinez Allier vai, duas décadas depois, chamar de O ecologismo dos pobresix.

Dessa perspectiva, o debate ecológico prosseguiu contra os liberais, sustentando que as transformações necessárias não podem ser resultado de escolhas individuais – consumir menos, escolher produtos menos agressivos, andar de bicicletas, reciclar etc. –, mas sim pensadas em termos estruturais.

Aqui residem duas contradições fundamentais do sistema do capital: o processo de busca de crescimento contínuo num sistema ecologicamente fechado e limitado e a contradição entre capital e trabalho manifesta também no custeio ecológico dos efeitos da produção.

Há breve menção sobre o socialismo onde tais contradições não deveriam existir, uma vez que o imperativo do crescimento econômico e da valorização contínua não seriam uma necessidade. Entretanto, o apego ao produtivismo lançou tais sociedades no quadro dessa mesma crise ecológica, pouco se diferenciando dos países capitalistas. É nessa parte que Barry Commoner faz uma breve menção à obra de Marx onde destaca que o tema da destruição ambiental já fazia presente.

The Closing Circle tem alguns silêncios que podem indicar seus limites, mas também o itinerário teórico percorrido pelos movimentos socioambientais ao longo desses 50 anos. Por exemplo, no debate sobre o controle de natalidade nos países pobres, Commoner se colocou na defesa de políticas de distribuição de renda, mesmoconsiderando que o consumo dos ricos tinha um impacto ecológico maior. No entanto, não há referências à autonomia das mulheres e da opção de engravidarem, assim como da importância da melhoria das suas condições de vida, do acesso à educação e saúde, o combate ao patriarcalismo e defesa dos direitos, o que reforça o quanto os movimentos feministas e ecofeministas ganharam espaço e centralidade nas lutas socioambientais.

Outra lacuna do livro é em relação às lutas dos povos originários e comunidades tradicionais em defesa da natureza. Os entendimentos das relações entre os humanos e os outros seres vivos e não vivos compõem um quadro complexo e dinâmico que abrange cosmologias que potencializam novas formas de resistência. Além disso, The Closing Circle aborda superficialmente temas como o imperialismo, a dependência e a colonialidade. Tais questões estão hoje no epicentro da crise ecológica e delineiam as formulações e a ação dos ecossocialistas.

O livro carece, por fim, de uma avaliação mais profunda sobre a neutralidade da Ciência, principalmente pelo fato de que nessas cinco décadas ocorreu uma captura do tema das alternativas à catástrofe ambiental pelo Capital e suas instituições, que reforçam a utilização de recursos como a geoengenharia, tratada como tábua de salvação para a manutenção da lógica do consumo.

O Fechamento do Círculo
Passados 50 anos, a abertura do círculo está maior. A expansão do capitalismo intensificou os processos de destruição. O aumento da produção industrial, a expansão do agronegócio, o consumo dos combustíveis fósseis, a emissão de gases de efeito estufa, a perda de biodiversidade e da cobertura vegetal, a contaminação dos solos e das águas, a acidificação dos oceanos – tudo isso expôs o sentido da lógica sistêmica. O conhecimento sobre esses impactos, suas inter-relações e o modo como se retroalimentam produzem uma espiral de desesperança.

Seguindo a lógica do pessimismo da inteligência e o otimismo da vontade, Barry Commoner, após o duro diagnóstico, conclama à ação. Apresenta a ideia de que o círculo biológico quebrado pelo Capital deveria ser fechado e esse processo só pode ser realizado a partir de um novo modelo de organização social, política, econômica, ética e científica. Embora Commoner não use o conceito marxista de ruptura metabólica, não seria exagero aproximá-lo da noção do círculo rompido. Do mesmo modo, em ambos se põem o desafio de sua superação e a necessidade de restauração dos mecanismos de troca e equilíbrio.

O que salvou a vida da extinção foi a invenção, no curso da evolução, de uma nova forma de vida que reconvertia os resíduos dos organismos primitivos em matéria orgânica, fresca. Os primeiros organismos fotossintéticos transformaram o curso voraz e linear da vida no primeiro grande ciclo ecológico da Terra. Ao fechar o círculo, eles alcançaram o que um organismo não vivo, sozinho, pode realizar – a sobrevivência.

Os seres humanos saíram do círculo da vida, guiados não por suas necessidades biológicas, mas por sua organização social com a divisa de “conquistar” a natureza: enriquecer governados por princípios distintos daqueles que governam a natureza. O resultado final é a crise ambiental, uma crise de sobrevivência. Mais uma vez, para sobreviver, devemos fechar o círculo. Devemos aprender como devolver à natureza a riqueza que dela tomamos emprestada. Em nossa sociedade voltada para o progresso, espera-se que qualquer pessoa que pretenda explicar um problema sério se ofereça para resolvê-lo.

Mas nenhum de nós – sozinho ou em um comitê – pode traçar um “plano” específico para resolver a crise ambiental. Fingir o contrário é apenas fugir do real significado da crise ambiental: que o mundo está sendo levado à beira de um desastre ecológico não por uma falha singular, que algum esquema inteligente pode corrigir, mas pela falange de poderosas forças econômicas, políticas e sociais que constituem a marcha da história. Quem se propõe a curar a crise ambiental compromete-se, assim, a mudar o curso da história.

Mas esta é uma competência reservada à própria história, pois a mudança social abrangente só pode ser planejada na oficina de ação social racional, informada e coletiva. Que devemos agir agora está claro. A questão que enfrentamos é comox.

Essa resposta é nosso desafio…


ii Egan, Michael, Barry Commoner and the science of survival : the remaking of American environmentalism, MIT Press, 2007.

iii Commoner, Barry, The Closing Circle – Nature, Man and Tecnology, New York : Alfred A, Knopf, 1971, pg. 144

iv Em The Coal Question (1865) Willian Jevons sustenta que as melhorias tecnológicas que aumentam a eficiência energética podem, ao invés de diminuir o consumo dos recursos, aumentá-lo, exatamente por serem mais eficazes.

v Commoner, Op. Cit. Pg. 145

vi idem. 156

vii Idem 169

viii Termo criado pelo militante dos direitos civis dr. Benjamin Franklin Chavis Jr em 1981.

ix MARTINEZ-ALIER, Joan, O Ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagem de valoração, trad. Maurício Waldman, Contexto : São Paulo, 2015.

x Commoner, Op. Cit. Pg. 245

Marcha mundial do clima, 29 de abril, 15h


Marcha mundial do clima, 29 de abril, 15h - Ambientalistas de Aljezur, Lisboa e Porto juntam-se à edição deste ano da Marcha Mundial do Clima, convocada nos Estados Unidos contra as políticas a favor dos combustíveis fósseis. As três marchas em Portugal vão exigir o fim da prospeção de petróleo na costa portuguesa. Observador.

Andy Warhol e Paisagem


quinta-feira, 27 de abril de 2017

Frases de Platão sobre Música


"Music is a moral law. It gives soul to the universe, wings to the mind, flight to the imagination, and charm and gaiety to life and to everything." - Plato

“A música é o meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere- lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação.” - Platão

Um rio no Canadá desapareceu em quatro dias. Culpa do aquecimento global

O rio Slims, antes de o curso de água ter mudado de rumo [Fonte: O Público] 

Um rio no Canadá desapareceu em quatro dias. Culpa do aquecimento global O célere derretimento de um dos maiores glaciares no Canadá, na região de Yukón, fez com que o rio Slims desaparecesse em quatro dias. O fenómeno foi provocado pelo desvio total do curso de água para um outro rio durante o final de Maio do ano passado, ainda que só tenha sido divulgado na revista Nature Geoscience. No artigo científico, estima-se, com 99,5% de certeza, que o derretimento do glaciar e subsequente mudança de rumo do rio são atribuídos às alterações climáticas.

Este fenómeno – em que as águas de um rio são redireccionadas para um novo curso – é conhecido como “pirataria fluvial” (ou river piracy, em inglês). Apesar de os geólogos acreditarem que este fenómeno já tenha acontecido no passado, nunca tinha sido documentado e, sobretudo, nunca tinha acontecido de uma forma tão repentina. “Que saibamos, nunca ninguém tinha documentado isto nos dias de hoje”, disse um dos investigadores, Dan Shugar.

Anteriormente, o rio – que atingia os 150 metros de largura – desaguava no rio Kluane, em direcção ao mar de Bering. Só que o degelo acelerado do glaciar de Kaskawulsh durante a Primavera de 2016 fez com que as águas derretidas fossem redireccionadas para um outro rio, fazendo com que as águas acabem por desaguar perto do Golfo do Alasca, a milhares de quilómetros do seu destino original.
Em suma, as águas derretidas do glaciar não estavam a ser divididas entre os dois rios – como acontecia anteriormente – mas seguiam unicamente numa direcção. Em vez de as águas do rio fluírem para oeste, começaram a jorrar para o sul do país.

terça-feira, 25 de abril de 2017

25 de Abril- A liberdade está na procura do bem (com documentário da Herdade Freixo do Meio)


A liberdade está na procura do bem
O nome liga-o a Álvaro Cunhal, líder carismático do Partido Comunista Português. Mas a família deste Cunhal, Alfredo, é fundadora do BCP, o maior banco privado do país. Nasceu nesta contradição e apenas quer ser um agricultor consciente, que prescinde do lucro. Alfredo diz que a sua liberdade está na procura do bem. Ver a reportagem da SIC Notícias da história de Alfredo Cunhal e o seu projecto de agricultura biológica e que conta uma das formas de se ser livre 40 anos depois da queda da ditadura. Filmado e dirigido por Serena Aurora em 2015, procurando a internacionalização do belo exemplo do projeto Herdade do Meio e manter um sistema vivo e sustentável.


Freixo do Meio is the project of a man that became a sustainable reality for many beings. It is a big organic farm and organism, integrating with the sourrounding Montado, a typical ecosystem from Alentejo, Portugal. The presence of human beings here wants to be a peaceful cooperation which welcome and arouse biodiversity. In this visual summery, Alfredo, manager of this ecosystem, starts explaining his philosophy which lays as a basis on his way of farming. In this open view, a circle of people works in the puzzle of nature, in a balance which allows production without exploitation of resources (agroecology). In the video we see people and their various skills, Cooperation, ecofunctionality, managing the risks, as well as a biodinamic approach. The production of the farm flows to Alfredos farm shop in Lisbon, to allow a honest economy which grant the workers to be paid. Alternative projects are included: beekeeping, permaculture, medicinal garden, and a horse-riding school. In the end it´s shown how Sorraias horses (indigenous ancient breed) are respected and kept wild in their ecosystem. This video is an example of how man can act in a sensitive way, contributing with local production and environment protection.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Universidade Nova tem o melhor mestrado do mundo

Gestão do Conhecimento e Business Intelligence - é este o melhor mestrado do mundo, ministrado pela NOVA Information Management School.


O ranking é de Eduniversal, uma agência internacional que publica o ranking dos melhores mestrados e MBA. Pela primeira vez, uma escola portuguesa consegue chegar ao primeiro lugar. O mestrado em Gestão de Informação, com especialização em Gestão do Conhecimento e Business Intelligence, foi considerado o melhor na sua categoria.

“Este reconhecimento tem impactos muito positivos na imagem do País, sobretudo numa área tecnológica e muito competitiva. Além disso, é um enorme estímulo para a universidade e é também importante para as empresas, pois significa que estamos a formar, em Portugal, profissionais ao mais alto nível”, referiu, à TSF, Pedro Simões Coelho, diretor da NOVA IMS, que é a escola de gestão e informação desta universidade pública.

Com mais de 1 500 alunos, a IMS tem estudantes de 70 diferentes nacionalidades, o que, de acordo com Pedro Simões Coelho, “mostra bem a internacionalização e a capacidade atrativa” da escola.
“Os resultados deste ranking estão associados à nossa orientação estratégica para a qualidade e à procura permanente de oportunidades de inovação. Resultam igualmente de uma política de ensino adaptada aos reais interesses e necessidades dos alunos e às necessidades do mercado”, continua o diretor, agora em comunicado.

A Eduniversal avalia mais de 12 mil programas de ensino pós-graduado, distribuídos por 30 áreas de estudo. A IMS destacou-se ainda pelo Mestrado em Estatística e Gestão de Informação, com especialização em Marketing Research e CRM, que foi considerado o segundo melhor do mundo na categoria de e-business.

domingo, 23 de abril de 2017

Cheias de 1967 - entrevista com o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles


As cheias de 1967 terão sido a maior calamidade algesina desde o terramoto de 1755, tendo em conta a sua participação nos projectos de urbanização do vale de Algés, não haverá melhor pessoa para avaliar as causas e apontar os erros que a provocaram do que o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles [1][2]. A entrevista é dos arquivos da RTP e remonta a 1973, altura em que a urbanização de Miraflores e vale de Algés estava já a ser implementada há alguns anos. 44 anos depois, analisando a explicação de arquitecto as preocupações com que fico são muitas, ainda mais se considerarmos que tudo o que foi construído depois segue exactamente contra o que se seria correcto ter sido feito. As recentes construções do quartel dos Bombeiros Voluntários de Algés, do novo centro de saúde e de várias escolas em leito de cheia e em zona de perigo de tsunamis são um perigo a considerar ainda mais não existindo ainda o tão falado sistema de alerta de tsunamis, cataclismo que ameaça seriamente Lisboa e as zonas das suas ribeiras. Nada mais claro do que as sábias palavras do grande arquitecto que é Gonçalo Ribeiro Teles, o perigo existe ainda e será porventura mais grave do que em 1967 caso se venham a verificar os mesmo níveis de intensidade das chuvas na região de Lisboa. A recente autorização camarária de construção de uma nova urbanização em Miraflores com 1600 fogos de habitação irá agravar ainda mais esta situação pondo em sério risco todas as habitações na baixa de Algés, uma vez que irá servir de bloqueio ás águas provenientes da encosta do Alto do Duque.

[1] arquitecto paisagista, ecologista e político português. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos Governos Provisórios de Adelino da Palma Carlos e Vasco Gonçalves e Ministro de Estado e da Qualidade de Vida do VII Governo Constitucional (AD, Francisco Pinto Balsemão), de 1981 a 1983. Criou as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Director Municipal de Lisboa. Entre os seus projectos, são de assinalar o projecto de Urbanização do vale de Algés, o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto e [2] — recebendo, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975 —; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, em 1996; e o conjunto de projectos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal de Lisboa, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, e que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental. Em Abril de 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitectura paisagista.

Musica do BioTerra: MIRRAR- Addicted



sexta-feira, 21 de abril de 2017

Danificados em dois anos 1.500 quilómetros da Grande Barreira de Coral

© Reuters Danificados em dois anos 1.500 quilómetros da Grande Barreira de Coral

Cerca de 1.500 quilómetros da Grande Barreira de Coral australiana, ou dois terços desta, ficaram danificados após dois anos consecutivos de branqueamento de corais, informaram hoje fontes científicas.

"O impacto combinado deste branqueamento consecutivo estende-se ao longo de 1.500 quilómetros, deixando um terço situado a sul ileso", disse o diretor do Centro de Excelência de Estudos de Coral da Universidade James Cook, Terry Hugues, num comunicado daquela instituição de ensino superior.
Em 2016, o branqueamento causado por um aumento das temperaturas das águas acima da média, combinado com os efeitos do fenómeno do 'El Niño', afetou sobretudo a parte norte da Grande Barreira, situada frente às costas da Austrália.

"Este ano, em 2017, estamos a viver um branqueamento maciço, inclusivamente sem a implicação das condições de um fenómeno do 'El Niño'", disse Hughes, ao referir-se aos resultados deste estudo, semelhante ao trabalho realizado em 2016 na Grande Barreira, que viveu fenómenos similares em 1998 e 2002.

"Os corais descolorados não são necessariamente corais mortos, mas na região central afetada severamente, antecipamos que se registaram altos níveis de perda de corais", disse James Kerry, que também participou nas investigações. Kerry, do centro de estudos de coral, também explicou que os corais demoram cerca de uma década para recuperarem completamente, tendo sublinhado que "um branqueamento maciço que ocorre com 12 meses de intervalo oferece zero possibilidades de recuperação para aqueles corais danificados em 2016".

Para agravar a situação, estima-se que a passagem do ciclone tropical Debbie, que atingiu o nordeste australiano no final de março, danificou o corredor de 100 quilómetros de largura por onde passou.
"Provavelmente, qualquer efeito de arrefecimento relacionado com o ciclone será insignificante em relação ao dano que este causou, já que infelizmente atingiu uma parte do recife que tinha escapado à pior parte do branqueamento", disse Kerry, no mesmo comunicado.

Os cientistas lamentaram que a Grande Barreia de Coral esteja a enfrentar diversas situações com um impacto negativo na sua saúde, especialmente os danos causados pelas alterações climáticas, pelo que instaram os governos a reduzir as emissões poluentes.

A Grande Barreira de Coral começou a deteriorar-se na década de 1990 pelo duplo impacto do aquecimento da água do mar e do aumento da respetiva acidez pela maior presença de dióxido de carbono na atmosfera.

Declarada Património da Humanidade pela UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura], a Grande Barreira de Coral contém cerca de 400 tipos de coral, 1.500 espécies de peixes e quatro mil variedades de moluscos, e já chamou a atenção de líderes mundiais como o ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que pediu a proteção da mesma com medidas contra as alterações climáticas.

Be kind to the trees


quinta-feira, 20 de abril de 2017

Filme: Perfume de Mulher (Dino Rissi - 1974)


É comum associarmos este título ao filme de Martin Brest (1992) com uma interpretação superlativa de Al Pacino, que aliás lhe valeu, em 1993, o Óscar de Melhor Actor

Mas o filme de Brest - um militar aposentado e cego que parte numa viagem na companhia de um jovem - teve um antecessor. Baseou-se no filme Profumo di Donna (1974) de Dino Risi (1916-2008) com Vittorio Gassman no papel do capitão Fausto Consolo e o malogrado Alessandro Momo (no papel do jovem Giovanni Bertazzi), que viria a morrer num acidente poucos meses antes da estreia do filme.

Risi deu-nos uma obra mais amarga do que a que Brest viria a realizar quase 20 anos depois. Mas para lá de uma viagem pela Itália dos anos 70, a mestria de um dos expoentes do cinema italiano está bem patente na forma como coloca poesia na narrativa e na composição dos planos.

Gassman é genial na construção do personagem e viria a ganhar o prémio de melhor actor no Festival de Cannes em 1975. Nesse mesmo ano, Profumo do Donna foi nomeado para os Óscares de melhor argumento adaptado e de melhor filme estrangeiro, mas em 1976 haveria de receber a distinção máxima do Cinema Francês (o César) para melhor filme estrangeiro.

Música do BioTerra: Laibach: Opus Dei (Life is Life)

Vídeo original

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
LIFE IS LIFE!

And we all... give the power
We all... give the best
Every minute.. in the hour
We dont think... about the rest

And we all... give the power
We all... give the best
When everyone... gives everything
Then everyone... everything will gets

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE IS LIFE!
When we all... feel the power

LIFE IS LIFE!
When we all... feel the pain

LIFE IS LIFE!
It's the feeling... of the people

LIFE IS LIFE!
It's the feeling of the land

And we all... give the power
We all... give the best
Every minute.. in the hour
We dont think... about the rest

And we all... give the power
We all... give the best
And everyone... gives everything
And everysoul... everyone will fear/feel

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
(German talk in background)

Were glad... that it's over
We thought... it would last
Every minute... of the future
Is a memory... of the past
Becouse we gave... of the power
We gave... of the best
And everyone... lost everything
And perished... with the rest

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE!
LIFE IS LIFE!

LIFE... IS... LIIIIIIIIIIIIIIIFE!

Ao vivo

Raychel Weiner

Central Park, NYC

Encontros Improváveis- Aldous Huxley e Nigel

Arte de Rua em São Paulo, por Nigel

"A ditadura perfeita terá as aparências de uma democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros sequer sonharão com a fuga. Um sistema de escravatura onde graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravatura." ~ Aldous Huxley

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Participação de Leonardo Boff e suas reflexões entre esquerda e direita

Leonardo Boff não é somente um teólogo limitado às questões do mundo metafísico da religião, é também filósofo e escritor que interpreta de forma muito particular a vida política brasileira (e internacional). “No mundo inteiro há uma ascensão da direita. E a direita não tem sonhos, só tem força e violência. (…) Vocês são aqueles condenados a ter sonhos, porque vocês são violados, desprezados e humilhados. E a defesa de vocês é sonhar um outro mundo, não só diferente, mas um mundo necessário.”

Leonardo Boff esteve em Curitiba esta semana e conversou com Popolo Filmes sobre conjuntura política, a ascensão da direita e a resistência dos movimentos sociais, o futuro da América Latina e o nosso papel na luta contra o neoliberalismo no continente.


“A gente não deve esquecer que durante trinta anos vivemos no inverno eclesial. Dois Papas conservadores que pregavam doutrinas. E esse Papa vem e diz: “Jesus não veio criar uma religião, tinha muitas na época. Ele veio nos ensinar a viver, sermos solidários, um perdoar o outro. Criar uma rede de vontade de transformação do mundo". Essa ideia vem confirmar tudo o que a Teologia da Libertação há trinta anos vem dizendo. (…) E está escandalizado os europeus que dizem: "Agora quem assessora os Papas são os teólogos da libertação!"


"Esse golpe está desmontando a nação. E está penalizando principalmente os pobres, os trabalhadores. (…) É um golpe de classe que usou o parlamento, usou a justiça, para novamente ocupar o Estado e para se beneficiar dos grandes projetos nacionais, fragilizar todos os movimentos sociais e difamar as lideranças. (…) É um golpe contra o povo brasileiro."


“Nós podemos fazer essa Frente Ampla. Porque se não fizermos eles vão realizar o projeto deles até o fim. Desmontando a nação, fazendo dela um agregado menor, associada ao grande império, perdendo a nossa soberania, um projeto nosso. E somos um dos poucos países do mundo que pode ter um projeto soberano pela riqueza ecológica, pelas águas, por um povo inteligente e criativo aberto ao mundo. Nós temos todas as condições. E somos a sétima economia do mundo, com um mercado interno enorme, capacidade de industrialização… mas mais ainda de criar uma produção ligada a natureza, que respeito os ciclos. (…) Nós não podemos renunciar a essa base que nos permite um país soberano, aberto ao mundo, que pode ser a mesa posta para as fomes do mundo inteiro.”

Zika, Pesticidas e o Mosquito Transgénico- pyriproxyfen é a verdadeira causa da microcefalia, não dá mais para esconder.

O que mais me irrita é como andamos "distraídos"...é de 2016. E deixamos que mordam e amordacem as nossas mentes.
O larvicida que contem pyriproxyfen é a talidomida versão séc.XXI, amigos. Isto é sério demais.

English: REPORT from Physicians in the Crop-Sprayed Town regarding Dengue-Zika, microcephaly, and massive spraying with chemical poisons


Español: Informe de Medicos de Pueblos Fumigados sobre Dengue-Zika y fumigaciones con venenos química

Para acceder al informe en pdf para imprimir, haga click aqui: Informe Zika de reduas (792)

Doctors name Monsanto’s larvicide as potential cause of microcephaly in Brazil:
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Componente químico Pyriproxyfen é apontado como causa da microcefalia
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Nem o Zika vírus e nem vacinas, para a Organização dos Médicos Argentinos o grande surto de microcefalia que se abateu sobre o Brasil é causado por um químico larvicida chamado Pyriproxyfen colocado na água ou pulverizado nas cidades afetadas pelo surto de microcefalia.

O relatório da entidade é enfático ao dizer que não é coincidência os casos de microcefalia surgirem na áreas onde o governo brasileiro fez a aplicação do Pyriproxyfen diretamente no sistema de abastecimento de água da população, mais especificamente em Pernambuco.

Componente químico Pyriproxyfen é apontado como causa da microcefalia


“O Pyroproxyfen é aplicado diretamente pelo Ministério da Saúde nos reservatório de água potável utilizados pelo povo de Pernambuco, onde a proliferação do mosquito Aedes é muito elevado ( uma situação semelhante à das ilhas do Pacífico ). (…) Malformações detectadas em milhares de crianças de mulheres grávidas que vivem em áreas onde o Estado brasileiro acrescentou Pyriproxyfen à água potável não é uma coincidência, apesar do Ministério da Saúde colocar a culpa direta sobre o Zika vírus para os danos causados (microcefalia).”, revela o relatório na página 3.

O relatório também observou que o Zika tem sido tradicionalmente considerado uma doença relativamente benigna, que nunca foi associada com defeitos congênitos, mesmo em áreas onde infectou 75% da população.


Posição da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)

O  relatório argentino, que também aborda a epidemia de dengue no Brasil, concorda com as conclusões de um relatório separado sobre o surto Zika feito por médicos brasileiros e pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco.

A Abrasco também aponta o Pyriproxyfen como causa provável da microcefalia. A associação condena a estratégia de controle químico para frear o crescimento dos mosquitos portadores do Zika vírus. A Abrasco alega que tal medida está contaminando o meio ambiente, bem como pessoas e não está diminuindo o número de mosquitos. Para a Abrasco esta estratégia é, de fato, impulsionada por interesses comerciais da indústria química, a qual diz que está profundamente integrada com os ministérios latino-americanos de saúde, bem como a Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde.

Abrasco nomeou a empresa britânica Oxitec que produz insetos geneticamente modificados como parte do lobby empresarial que está a distorcer os fatos sobre o Zika vírus para atender a sua própria agenda com fins lucrativos.

A Oxitec vende mosquitos transgênicos modificados para esterilidade e os comercializa como um produto de combate à doença – uma estratégia condenada pelos médicos argentinos, tida como “um fracasso total, exceto para a empresa fornecedora de mosquitos”.

Vale lembrar também que o Zika vírus é propriedade da família/Fundação Rockefeller, conforme relatado pelo Panorama Livre no dia 31 de janeiro. Além, claro, da ONU já ter declarado que países com casos de microcefalia deveriam liberar o aborto – deixando claro a todos o enorme número de entidades envolvidas no lobby do controle/diminuição populacional.



PANORAMALIVRE
Zika vírus é propriedade da família Rockefeller
Leia mais aqui

Zika Vírus está a venda por €599.00 e o nome do depositário é “J. Casals, Rockefeller Foundation”. Outro fato que chama atenção é que a data de origem do Zika Vírus é o ano de 1947

Eis o link da página do órgão que comercializa o Zika Vírus:


Quem fabrica o Pyriproxyfen?

Os médicos acrescentaram que o Pyriproxyfen é fabricado pela Sumitomo Chemical, empresa japonesa e um “parceiro estratégico” da Monsanto. O Pyriproxyfen é um inibidor do crescimento de larvas de mosquitos, que altera o processo de desenvolvimento da larva, a pupa (estágio intermediário entre a larva e o adulto, no desenvolvimento de certos insetos), para adulto, gerando, assim, malformações no desenvolvimento dos mosquitos e matando ou desativando seu desenvolvimento. O composto químico atua como um hormônio juvenil de inseto e tem o efeito de inibir o desenvolvimento de características de insetos adultos (por exemplo – as asas e genitais externos maduros) e o desenvolvimento reprodutivo. É um disruptivo endócrino e é teratogênico (causa defeitos de nascimento), de acordo com os médicos.

Em dezembro de 2014 a Sumitomo Chemical anunciou que, juntamente com a Monsanto, expandiria seus trabalhos de controle de pragas para a América Latina, mais especificamente para Brasil e Argentina.





Outras leituras


terça-feira, 18 de abril de 2017

Documentários sobre Nietzsche, Heidegger e Sartre que você deveria assistir

A série da BBC  ‘Humano, Demasiado Humano’ (Human All Too Human) inclui três programas fantásticos sobre Friedrich Nietzsche, Jean Paul Sartre e Martin Heidegger, um trio de pensadores controverso que continuam influenciando até os dias de hoje, na filosofia e na psicologia. A série aborda os personagens e suas teorias. Vale assistir cada minuto, são três programa envolventes e emocionantes sobre a filosofia e os filósofos.


Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 -1900) foi um filósofo alemão do século XIX e um dos maiores nomes dessa área. Martin Heidegger (1889 – 1976) foi um filósofo alemão do século XX que influenciou muitos outros, dentre os quais Jean-Paul Sartre. Jean-Paul Sartre (1905 -1980) foi um filósofo francês, conhecido como representante do existencialismo.
Os documentários são conduzidos por Alain de Botton, escritor e produtor famoso por popularizar a filosofia e divulgar seu uso na vida cotidiana. Botton iniciou um Ph.D em filosofia francesa em Harvard, mas acabou preferindo escrever ficção. Para além de escrever possui a sua própria produtora, a Seneca Productions, que transmite regularmente programas e documentários de televisão, baseados nos seus trabalhos.
Documentário I: Humano, Demasiado Humano – Friedrich Nietzsche: Além do Bem e do Mal
A semente do pensamento disseminado por Nietzsche no século XIX prefigurava o piloto do século XX sobre os conceitos do existencialismo e da psicanálise. Este programa conta com entrevistas de grandes estudiosos do pensamento do Nietzsche sendo eles: Ronald Hayman e Leslie Chamberlain (biógrafos de Nietzsche), Andrea Bollinger (arquivista), Reg Hollingdale (tradutor), Will Self (escritor) e Keith Ansell Pearson (filosofa) que sonda a vida e os escritos de Nietzsche. Além de mostrar também o papel da irmã de Nietzsche na edição das suas obras para o uso como propaganda nazi. Conta também com partes de prosas aforísticas extraídas de obras como a parábola de um louco e assim falou Zaratustra.



Documentário II: Humano, Demasiado Humano – Martin Heidegger: Projeto Para Viver
O projeto do tratado Ser e Tempo, foi publicado em 1927 no mesmo ano que Minha Luta (Adolf Hitler). Este programa examina a vida e a filosofia de Martin Heidegger, descreve a sua ascensão a proeminência intelectual, expondo os motivos do seu envolvimento no partido Nazi. Entrevistas com o seu filho, Hermann Heidegger, George Steiner autor de uma influente critica da sua filosofia, contado também com o seu biógrafo Hugo Ott; e ex-aluno de Hans-Georg Gadamer, fornecem novas ideias enquanto se faz uma reconstrução dos momentos chaves da vida de Heidegger. Vida e história de um homem cujos apologistas e os antagonistas ainda amargamente se dividem.



Documentário III: Humano, Demasiado Humano – Jean-Paul Sartre: O Caminho Para a Liberdade
Neste episódio é abordada a vida e a obra do mais famoso filósofo existencialista europeu, Jean-Paul Sartre (1905-1980). O homem que passou a vida a desafiar a lógica convencional amava os paradoxos. O documentário expõe estes paradoxos da sua vida e da sua obra, ao mesmo tempo em que ambos são questionados. A pergunta central que é colocada é: Se o ser humano é livre para fazer o que quiser, como justifica Sartre, então como devemos viver as nossas vidas no dia-a-dia?


Fonte: Revista Prosa Verso e Arte

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Alberto Carneiro, inventor de mundos, escultor da natureza

Nasceu na aldeia de São Mamede do Coronado, na Trofa, e, sem nunca a abandonar verdadeiramente, viajou mundo fora para se tornar um dos mais importantes escultores portugueses. A morte chegou aos 79 anos.

Era um dos mais importantes escultores portugueses, autor de um corpo de obra em que arte e vida são indissociáveis e dotado de uma voz única em que a ruralidade e a proximidade à natureza — consequência do nascimento, em 1937, na aldeia de São Mamede do Coronado, concelho da Trofa — se aliava ao estudo e profundo envolvimento com a filosofia oriental (Zen, Tantra, Tao). Alberto Carneiro morreu este sábado, aos 79 anos, no Hospital de S. João, no Porto, onde estava internado. A notícia foi confirmada ao PÚBLICO pela família do escultor.

Foto Alberto Carneiro na Fundação Serralves, 2013 Paulo Pimenta

Alberto Carneiro, o escultor para quem arte e vida eram uma só coisa. “Se tivesse nascido na cidade, se tivesse vivido a minha primeira infância na cidade, a minha obra não seria o que é. Nem eu, provavelmente, me teria encontrado com este mundo”, dizia em entrevista publicada na 2, revista do PÚBLICO, em 2013. “Sendo a mesma pessoa, fisicamente, o mesmo nariz, as mesmas orelhas, não seria o mesmo. A minha sensibilidade foi construída numa relação directa com essas coisas. Aprendendo a amar essas coisas. E não as dispensando”. A consciência da importância desta origem na sua formação e na forma de olhar o que o rodeava foi fundamental no seu percurso artístico, iniciado em 1947 numa oficina de santeiro onde trabalharia 11 anos.

A relevância dessas raízes é igualmente enaltecida pelo subdirector do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid (e ex-director do Museu de Serralves), João Fernandes, que em declarações ao PÚBLICO fala dessa "coragem" do artista em "assumir o seu conhecimento dos rituais camponeses e agrícolas, e levá-los para um processo de apropriação e transformação da natureza", acabando por nessa dinâmica "levar a natureza para dentro dos museus e galerias, criando novas experiências sensoriais onde o espectador deixava de o ser para passar a ser participante da obra". Na sua visão, Alberto Carneiro "é o caso surpreendente de um homem que se faz artista sem nunca deixar de ser homem na sua plenitude, inventando novas formas de pensar, agir e reinventar a relação da arte com a vida e da arte com o mundo."

O percurso de João Fernandes está, aliás, ligado ao de Alberto Carneiro. "A primeira exposição que fiz, em 1992, chamava-se Sortilégios e foi uma sugestão dele", na qual participaram também Gerardo Burmester e Albuquerque Mendes. "Para mim foi importante na altura trabalhar com alguém que havia sido um pioneiro e que abriu muitos caminhos. O Alberto foi um dos artistas que me estruturaram na forma de pensar e agir", afirma, argumentando que a sua originalidade no contexto da arte portuguesa, "onde é pioneiro das linguagens conceptuais", como no plano internacional, continua em parte por avaliar. "Ainda existe muito por pensar acerca da universalidade da sua obra, principalmente no contexto internacional, onde o seu trabalho ainda não foi tão difundido como seria desejável. Ele é muito singular", avalia. "Veio de um contexto rural, de uma aldeia onde trabalhou em criança como aprendiz a fazer imagens de santos para as igrejas e aproveitou depois a sua extraordinária habilidade com as mãos. Em Londres confrontou-se com linguagens de âmbito internacional, mas em parte quando ele sai das Belas Artes do Porto já estava a caminho de construir uma linguagem própria, da qual resultaria uma obra original, que ainda deverá ser avaliada no contexto das linguagens da época que cruzam a arte com a natureza e a vida."

Algo semelhante diz o artista plástico José Pedro Croft ao PÚBLICO. "Toda a sua produção ao longo dos anos foi única, muito para além das nossas fronteiras. Ele era um homem do mundo, no sentido em que o universal é o local sem fronteiras", afirma. "Tinha uma relação muito forte com a natureza que marcou muito a relação que ele tinha do corpo, e do envolvimento do corpo, no trabalho directo que fazia. O seu olhar era absolutamente revolucionário, tendo acompanhado todos os movimentos dos anos 1970." Para além dessa dimensão e do seu trabalho individual, José Pedro Croft destaca o seu enorme apoio aos colegas. "Ao longo de décadas, com o parque de esculturas de Santo Tirso, foi organizando, cuidando, tratando e convidando outros artistas e fazer um trabalho que é único."

O artista plástico e escultor Carlos Nogueira diz ao PÚBLICO que a sua morte "é uma perda irreparável", enaltecendo "um artista maior e um professor maior, que ao longo dos anos foi igual a si próprio, tendo encontrado o seu caminho, que trilhou numa procura permanente de novos passos e novos saltos." E conclui: "Foi um autor incansável que trabalhou até aos últimos dias. Cultivemos a sua memória." Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, publicou uma nota de pesar na página da Presidência na Internet, considerando que Alberto Carneiro procurou “incessantemente, uma arte ‘primitiva’” e “primordial, com um cunho meditativo de traços orientais”, recordando ainda que o artista descobriu cedo uma forte ligação à natureza, àquilo a que chamava a ‘personalidade’ das árvores, o vínculo às coisas concretas, e a dimensão corporal dos ofícios”. O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, também lamentou a sua morte, através de uma nota onde é referido que "com uma voz singular combinou a arte com elementos da natureza e marcou as artes visuais em Portugal a partir da década de 60."

"Não mitifico a arte"
Trabalhava sobre a natureza, os elementos, a água, a terra, o fogo e o ar. Na sua visão a obra de arte existia para questionar, para aumentar o campo de acção, para criar novas fronteiras e novos conceitos. "Eu e arte não sabemos ao certo quem somos, mas temos a certeza de sermos um do outro, e isto é tudo o que precisamos para a vida", escrevia no texto de apresentação da retrospectiva de Serralves, Arte Vida / Vida Arte, em 2013. Nessa altura, numa visita guiada que o PÚBLICO acompanhou, olhando para as suas obras, dizia: "Isto é um sortilégio. Eu vibro mais com isto do que com a Mona Lisa — e considero-me uma pessoa culta em relação à arte. Mas não a mitifico. A essência da beleza da Mona Lisa e do Moisés, encontrámo-la também aqui."

Licenciado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), em 1967, rumaria a Londres no ano seguinte. Na capital inglesa foi aluno dos escultores britânicos Anthony Caro e Philip King, no âmbito da pós-graduação que frequentou na Saint Martin’s School of Art. A primeira exposição individual aconteceu antes da viagem para Inglaterra, em 1967, na ESBAP. Entre 1975 e 1976, anos em que estudou as formas e os procedimentos estéticos resultantes do amanho da terra, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.

Em paralelo à sua obra escultórica, deixou bibliografia, sob a forma de livros e ensaios, dedicados a Arte e Pedagogia. Foi professor de Escultura na ESBAP, na década de 1970, director pedagógico e artístico no Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra, entre 1972 e 1985, e professor na Faculdade de Arquitectura na Universidade do Porto.

Ao longo dos anos realizou mais de setenta exposições individuais e participou em mais de cem mostras colectivas, em Portugal e no estrangeiro. Além da presença em território português (Santo Tirso, Chaves, Metropolitano de Lisboa, Jardins da Casa de Serralves), deixa obras espalhadas por todo o mundo: The Stone Garden, em Gateshead, Inglaterra, uma escultura no parque metropolitano de Quito, Equador, outra em Wicklow, na Irlanda, outra na Aldeia Folclória Coreana, na Coreia do Sul, ou uma escultura na cidade de Taoyuan, na Ilha Formosa, para citar apenas alguns exemplos.

Foto Exposição Arte Vida / Vida Arte, 2013 Nelson Garrido 

Com ele a natureza entrou dentro dos museus. “Avança-se pelo mundo de Alberto Carneiro como por uma floresta. Às escuras, tropeçando em árvores, raízes e pedras, até aparecer uma clareira e o céu explodir na luz desgovernada de um manhã de Inverno”, escrevíamos em 2014. Ao longo dos anos participou nas Bienais de Veneza (1976) e de São Paulo (1977), entre outras grandes exposições internacionais. Nas antológicas da sua obra, contam-se as apresentadas na Fundação Calouste Gulbenkian (1991), em Lisboa, na Fundação de Serralves (1991), no Porto, para além do Museu Nacional Machado de Castro (2000), em Coimbra, no Centro Galego de Arte Contemporânea (2001) de Santiago de Compostela, no Museu de Arte Contemporânea do Funchal (2003), e na Casa da Cerca, em Almada.
No início dos anos 1990 foi o grande ideólogo do Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC), actualmente com 54 obras espalhadas por vários espaços públicos de Santo Tirso. Aliás a câmara local vai adjudicar nos próximos dias a obra relativa ao projecto Centro de Arte Alberto Carneiro, um projecto que deverá ser inaugurado no final de 2018.

Entre as distinções que recolheu ao longo da carreira, incluem-se o Prémio Nacional de Escultura (1968) ou o Prémio Nacional de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte (1985). Reconhecido internacionalmente, presente em vários museus e colecções, continuava a ter na aldeia onde nasceu a sua residência e o seu local de trabalho.

Ler mais
  1. Alberto Carneiro, o escultor para quem arte e vida eram uma só coisa
  2. O mundo de Alberto Carneiro cabe numa cerejeira
  3. Alberto Carneiro- Arte Ecológica